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quarta-feira, 4 de abril de 2012

Estudo no Nordeste avalia a qualidade da assistência prestada ao paciente com dengue



Dengue

Quais os fatores que levam à ocorrência de óbitos por dengue? A qualidade da assistência à saúde está relacionada ao atual índice de mortalidade pela doença? Foi em busca de respostas para essas perguntas que pesquisadores do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM/Fiocruz), do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, no Recife, do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa e da Universidade Federal de Pernambuco realizaram estudo no qual avaliam a qualidade da assistência a pacientes que foram a óbito por dengue no Nordeste. Os resultados foram publicados na edição de dezembro de 2011 dos Cadernos de Saúde Pública.
 Pacientes com suspeita de dengue são submetidos à hidratação em posto de saúde
Pacientes com suspeita de dengue são submetidos à hidratação em posto de saúde
Para a pesquisa, foram analisados cinco casos de óbitos ocorridos em dois municípios da região. O estudo avaliou as condições estruturais da rede de serviços de saúde para atendimento aos pacientes, a assistência conforme padrões de qualidade técnico-científica esperados no manejo clínico e a influência da acessibilidade dos usuários aos serviços de saúde no desfecho da doença. A qualidade da assistência foi definida de acordo com publicações técnicas e normativas do Ministério da Saúde.


Quanto aos níveis de adequação em relação à dimensão avaliada, os municípios A e B foram classificados como parcialmente adequados, com valores de 70,1% e 71,8%, respectivamente. “Há indícios de que o grau de implantação dos programas de saúde tem sido, ao menos em parte, apropriado quanto à estrutura e aos processos, não se constituindo no principal problema para alcance dos resultados”, revelam os estudiosos.

Contudo, segundo os pacientes, a quantidade insuficiente de profissionais, principalmente médicos, nos períodos epidêmicos, prejudica a assistência. Outros aspectos negativos mencionados foram o tempo de espera para a consulta, o não funcionamento do serviço em fins de semana e a inadequação do acolhimento ao paciente. O uso das normas de orientação do manejo clínico da dengue pelos profissionais, o tempo de espera para recebimento dos resultados dos exames e a confiança dos profissionais nos resultados também não alcançaram resultados esperados.

O estudo aponta que o acesso geográfico à rede de serviços de saúde e as barreiras econômicas, como dificuldade financeira para o transporte do paciente, não tiveram influência nos óbitos. “Os pacientes, em sua maior parte, procuraram os serviços de saúde nos primeiros dias de sintoma da doença, sendo atendidos no mesmo dia e sempre por profissional médico”, afirmam os pesquisadores.

Assistência segundo os padrões de qualidade técnico-científica

Se a rede de saúde avaliada dispõe de condições necessárias para o atendimento aos casos analisados e o acesso geográfico e econômico não dificultou a assistência ao paciente, que fator teria influenciado nos óbitos por dengue? “O que se observa nos achados são problemas relacionados, sobretudo, ao manejo clínico dos casos”, respondem os estudiosos. Segundo eles, embora a rede de saúde avaliada disponha de estrutura necessária para atender os pacientes de dengue, os recursos disponíveis são pouco utilizados. “As recomendações do Ministério da Saúde para o manejo dos casos de dengue, as quais permitiriam detectar precocemente os casos graves e realizar o manejo clínico adequado a fim de evitar um desfecho desfavorável, não foram seguidas”, revelam.

Um dos problemas apontados pelos familiares foi a falta de reconhecimento da gravidade do caso. “Em nenhum dos casos a dengue foi diagnosticada na primeira visita ao serviço de saúde”, afirmam os estudiosos. Além de falhas na assistência quanto ao diagnóstico, a inadequação do encaminhamento dos pacientes para serviços de maior complexidade também se constituiu um problema. “A decisão de buscar esses serviços foi, na maioria das vezes, iniciativa do acompanhante do paciente e não uma orientação do profissional, de acordo com o diagnóstico e reconhecimento da doença”, dizem os pesquisadores. Nenhum dos hospitais avaliados alcançou a taxa de letalidade por dengue esperada.

Entre os critérios julgados quanto à assistência esperada no manejo clínico, o que obteve menor pontuação foi o estadiamento da doença, procedimento fundamental para o diagnóstico e reconhecimento da gravidade do caso. Também foi observada pouca utilização de exames clínicos para reavaliação adequada do paciente, o que, segundo os pesquisadores, pode prejudicar as decisões dos profissionais na condução do tratamento. Nos prontuários, foi constatada insuficiência das informações registradas e situações recorrentes, entre elas, níveis de hidratação inferiores ao recomendado, sinais de alarmes não pesquisados ou registrados, pacientes transferidos sem prontuário de encaminhamento e reavaliações clínicas com intervalos superiores aos preconizados para pacientes que necessitam de hidratação volumosa. O estudo também revela que o tratamento nos casos avaliados foi, aparentemente, similar ao realizado com indivíduos com outras doenças febris agudas como virose e pneumonia.

Diante dos resultados, os estudiosos propõem o monitoramento dos casos graves e a investigação sistemática dos óbitos por dengue nos serviços de saúde. “Essa ação permitirá identificar problemas e atuar prontamente, visando a melhorar a qualidade da assistência aos pacientes e a evitar desfechos indesejáveis”, afirmam.

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